Roberto Mistrorigo Barbosa
As queimadas no Brasil atingem proporções alarmantes, ameaçando o equilíbrio ecológico e a sobrevivência de inúmeras comunidades. Recentemente, a Rede de Pesquisadores em Geografia Socioambiental emitiu uma nota contundente sobre o papel do agronegócio nesse cenário de devastação, apontando para o que consideram um verdadeiro ecocídio. A expansão desenfreada da fronteira agrícola, sem a devida atenção às leis ambientais, resulta em uma prática predatória que não apenas destrói florestas, mas compromete a vida de povos tradicionais e a biodiversidade.
Como defensores da vida e da justiça social, o Círculo de Colaboração da Iniciativa das Religiões Unidas (URI) de Ponta Grossa não pode se omitir diante dessa realidade. A nossa fé e os valores de proteção à criação nos impulsionam a questionar as políticas públicas que favorecem o desmatamento e as queimadas. Essa prática está vinculada a interesses econômicos que colocam o lucro acima do bem-estar coletivo e da preservação ambiental. A omissão ou conivência das autoridades com tais práticas é um sinal da banalização do mal, como pontuado pelo artigo publicado recentemente no Ecodebate. A destruição de florestas e a consequente liberação de carbono na atmosfera exacerbam as mudanças climáticas, cujo impacto é sentido de forma desproporcional pelos mais pobres.
Nesse contexto, o Círculo de Colaboração da URI de Ponta Grossa faz um apelo por uma mudança radical nas políticas ambientais e agrícolas do Brasil. É imperativo que as leis sejam respeitadas e que o agronegócio se comprometa com práticas sustentáveis, evitando a continuidade dessa destruição em larga escala. A conscientização da sociedade sobre as implicações dessas queimadas também é essencial para que, juntos, possamos frear esse ciclo de degradação. A defesa da vida, da justiça e do meio ambiente são bandeiras que todas as tradições religiosas devem erguer neste momento crítico.
