O presidente da 21ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP21), ocorrida em 2015, Laurent Fabius, fez um balanço sobre os 10 anos do Acordo de Paris, durante a Cúpula do Clima, em Belém. Ao reconhecer a importância de um dos maiores tratados globais de enfrentamento ao desafio, Fabius reforça a importância de avançar nas ações climáticas.

“Devemos acreditar na ciência quando ela afirma que é necessário implementar o que já foi decidido em relação à finança, em relação à transição de combustível, em relação ao que já foi acordado”, disse.
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Para Fabius, que também lidera o grupo de ex-presidentes de COPs, isso não significa que o Acordo de Paris não deva ser celebrado, pois resultou em grandes avanços na luta contra a mudança do clima.
“Quando eu estava liderando a COP 21, 10 anos atrás, a projeção para o fim deste século é que o mundo chegasse ao aquecimento de mais 4 graus acima do período pré-industrial. E agora, 10 anos depois de Paris, e graças às decisões que foram tomadas, essa projeção é de uma tendência entre 2,5 e 2,8 graus. E cada grau significa milhões de vidas salvas”, diz.
O desafio permanece, avalia, uma vez que as projeções de 2,8 graus ainda são uma ameaça à vida no planeta.
“Uma série de catástrofes, secas, ciclones, mais emissões e incêndios devem acontecer decorrentes desse aquecimento”, pontua.
Fabius defende o enfrentamento a partir dos “três is”: implementação, inclusão e inovação.
”Nós não esperamos desta COP em Belém novas ideias extraordinárias. Sabemos que há novas ideias e ficamos muito felizes com isso, mas agora é o momento das ações e o que estamos esperando da COP é implementação do que já foi decidido. Em particular no domínio da finança, especialmente na direção dos países emergentes. E com a adaptação das cidades porque, se já estamos superando o 1,5 ºC, a questão da adaptação é muito mais importante do que antes”, diz.
Fabius aponta que é necessário incluir a todos, em especial os países de baixa emissão, que mesmo tendo contribuído menos com os efeitos da mudança do clima são os mais afetados. E avalia que sem a inovação da tecnologia, que viabiliza uma transição energética para menos emissões, permanecerá o desafio global.
“Temos que nos esforçar no multilateralismo. Nós sabemos os obstáculos com alguns atores que não aceitam o multilateralismo. Não só os Estados Unidos. Por outro lado, na próxima semana, em Belém, teremos uma oportunidade de agir, porque haverá muitos subnacionais desses países. A exemplo dos Estados Unidos, teremos o governo da Califórnia. Portanto, esse é um momento que devemos fazer esse esforço e de sermos muito incisivos nas ações”, acredita.


